A construção civil brasileira deve enfrentar um ano mais desafiador em 2025, com projeções de redução na geração de empregos em comparação com 2024. O cenário econômico, marcado por juros elevados e escassez de mão de obra, contribui para essa perspectiva.
Em 2024, o setor registrou a criação de 113.860 vagas, cerca de 30% menos que em 2023. As obras de infraestrutura tiveram o pior desempenho desde 2019, gerando apenas 5.431 postos de trabalho. O setor privado, por sua vez, criou 108.429 vagas, segundo dados do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) analisados pela LCA 4intelligence.
"A construção civil é um setor que não segue muito os componentes cíclicos da economia. Os juros elevados, por exemplo, devem dificultar a geração de novos lançamentos imobiliários neste ano", afirma o economista Bruno Imaizumi, da LCA 4intelligence.
Imaizumi prevê que o setor gere apenas 59 mil postos de trabalho em 2025, quase metade do registrado em 2024. Apesar da previsão de números positivos, o ritmo de crescimento será significativamente menor.
Ana Maria Castelo, coordenadora de Projetos da Construção do Ibre/FGV, destaca que o Índice de Confiança da Construção (ICST) aponta para crescimento, mas com desafios em relação à renda, mercado de trabalho e custo do crédito. Em janeiro de 2025, o ICST caiu 1,9 ponto percentual, para 94,9 pontos. A FGV recomenda observar os dados do primeiro trimestre para avaliar a tendência do ano.
"A preocupação das empresas é com essa demanda futura. O ciclo econômico anterior ainda dá um colchão para a atividade, mas agora, a preocupação é com as expectativas adiante", destaca Castelo.
O mercado imobiliário, que cresceu fortemente nos últimos dois anos, gerou alta demanda por mão de obra. No entanto, o setor enfrenta problemas estruturais de contratação, incluindo salários baixos em comparação com outros setores e baixa participação feminina.
A mudança nas dinâmicas de trabalho também é apontada como um fator relevante. Bruno Imaizumi observa que uma geração mais escolarizada busca trabalhos que não sejam braçais, contribuindo para a escassez de mão de obra, um problema que não se limita ao mercado aquecido.
A alta rotatividade no setor, segundo Lucas Assis, economista da Tendências Consultoria, dificulta a construção de capital humano e a busca por profissionais. A demanda por trabalhadores não está ligada à superqualificação, mas sim à necessidade de treinamento específico, e a conjuntura econômica não é o único fator que influencia as contratações.
"A demanda por esses trabalhadores está menos associada a uma superqualificação e mais vinculada à necessidade de um treinamento específico", diz Lucas Assis.
Em resumo, a construção civil em 2025 enfrenta um cenário complexo, com a geração de empregos projetada para diminuir significativamente. Apesar do crescimento contínuo, os desafios são consideráveis, incluindo juros altos, escassez de mão de obra, e questões estruturais do setor. A observação dos dados do primeiro trimestre será crucial para uma avaliação mais precisa da situação.
*Reportagem produzida com auxílio de IA