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LITERATURA INFANTIL

Livro de Ziraldo que aborda o preconceito racial é censurado em escolas de MG

'O Menino Marrom', obra de 1989, que foi considerada 'agressiva' por alguns pais


"O menino marrom", livro infantil de Ziraldo, foi retirado temporariamente das escolas municipais da cidade de Conselheiro Lafaiete–MG.

Segundo comunicado da prefeitura nas redes sociais nesta quarta-feira (19), a decisão foi tomada após reclamações dos pais sobre o conteúdo da publicação, considerada "agressiva".

"Diante das diversas manifestações e, divergência de opiniões, procedeu à solicitação de suspensão temporária dos trabalhos realizados sobre o livro "O Menino Marrom", do autor Ziraldo, a fim de melhor readequação da abordagem pedagógica, evitando assim interpretações equivocadas", informou a prefeitura nas redes sociais.

O livro narra a amizade de duas crianças, um menino negro e um menino branco, para entender qual a diferença das cores entre eles. Entre brincadeiras e questionamentos, o livro discute diversidade racial e aceitação das diferenças.

Entre as reclamações dos pais acatadas pela prefeitura de Conselheiro Lafaiete, estão acusações de que o livro teria cenas violentas.

Abaixo, nesta reportagem, você entende um pouco mais sobre cada um dos trechos e suas possíveis interpretações.

'Eu quero ver ela ser atropelada'

Página de "O Menino Marrom" cujo conteúdo foi criticado por pais de Conselheiro Lafaiete — Foto: Reprodução/Melhoramentos

"O livro fala em fazer pacto de sangue. Tem um trecho de uma velhinha atravessando a rua e duas crianças olhando e desejando a sua morte", reclamou um pai.

'Temos que selar nosso pacto com sangue!'

Página do livro "O Menino Marrom" criticada por pais de Conselheiro Lafaiete: meninos pensam em fazer pacto de sangue, desistem de usar faca e até mesmo um alfinete e acabam selando amizade com tinta de caneta azul. — Foto: Reprodução/Melhoramentos


Em nota publicada em suas redes sociais, a Secretaria de Educação da prefeitura de Conselheiro Lafaiete afirma que "O menino marrom" aborda de "forma sensível e poética temas como diversidade racial, preconceito e amizade" e que é um "recurso valioso na educação, pois promove discussões importantes sobre respeito às diferenças e igualdade".

No entanto, diz lamentar "interpretações dúbias" e avisa que vai suspender temporariamente o uso do livro em sala de aula para uma "melhor reflexão". "A secretaria, em sua função de gestão e articulação entre escola e comunidade compreende ser necessário momento de diálogo junto aos responsáveis para que não sejam estabelecidos pensamentos precipitados e depreciativos em relação às temáticas abordadas", afirma.

A editora Melhoramentos, responsável pela publicação da obra de Ziraldo, afirmou em nota as qualidades educativas da obra, ressaltando a importância de seu autor. "Ziraldo é um dos autores infantojuvenis de maior expressividade na cultura brasileira. Sua capacidade de equilibrar humor, sensibilidade e temas relevantes como diversidade e inclusão, o destacaram como um mestre na arte de contar histórias."


O cartunista, artista gráfico e escritor Ziraldo morreu em abril deste ano, aos 91 anos.

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