É muito comum ouvirmos de pessoas que "não gosto de polĂtica", "prefiro não me envolver com essas questões", "todos os polĂticos são ladrões", "sempre que um polĂtico aparece na televisão, eu desligo a TV", horĂĄrio eleitoral é um saco" ou " polĂtica envolve corrupção e desvio de verba".
No dia a dia, quando se fala de polĂtica, geralmente se pensa nela como uma coisa ruim e distante, como se fosse assunto apenas para os especialistas ou polĂticos. Ou então, pensamos que a polĂtica só se restringe ao voto. Mas serĂĄ que é isso mesmo? Afinal, o que vocĂȘ tem a ver com a polĂtica?
Apesar da existĂȘncia de corrupção e de manipulação de ações para atender interesses especĂficos no ato polĂtico, temos que entender que esse quadro negativo só poderĂĄ mudar através da própria polĂtica. Isso porque a polĂtica é o instrumento de ação de transformação da sociedade.
Quem nunca ouviu na escola a frase: "o homem é um animal polĂtico"? Pois bem, quando Aristóteles declamou essa frase, ele quis dizer que todo homem precisa um do outro, que é da natureza humana viver em sociedade e que através da busca pelo bem comum é que se tem a constituição da pólis, ou seja, a cidade, o lugar onde é compartilhada a vida pĂșblica.
Portanto, podemos entender que polĂtica estĂĄ relacionada com aquilo que diz respeito ao bem pĂșblico, à vida em comum, às regras, leis e normas de conduta dessa vida, nesse espaço, e, sobretudo, ao ato de decisão que afetarĂĄ todas essas questões.
Assim, o que distingue o ser humano das outras espécies é a sua capacidade de raciocinar. E foi por meio desta habilidade que ele compreendeu a importância da vida comunitĂĄria e de conviver nesse meio de forma harmônica. E foi para isso que a polĂtica foi criada: para regular os conflitos.
Vamos utilizar um exemplo prĂĄtico.
A Associação de Moradores de UmbarĂĄ obteve uma vitória com a instalação de um semĂĄforo na rua Nicola Pellanda, localizada em Curitiba. Essa rua era famosa pelo nĂșmero expressivo de acidentes, inclusive fatais, devido à imprudĂȘncia dos motoristas, que não respeitavam os limites de velocidade.
Para resolver esse problema, dificilmente uma pessoasozinha conseguiria alguma resposta do poder pĂșblico, mas graças à organização dos moradores de UmbarĂĄ, que possuem uma representação polĂtica, o problema foi solucionado. Depois de algumas manifestações e protestos foi reivindicado junto à prefeitura a instalação de um semĂĄforo na localidade. Juntos, os moradores tiveram um peso muito maior.
Portanto, a polĂtica não se limita aos governantes e à profissão em si, mas abarca também uma participação na associação dos moradores do seu bairro, por exemplo, para debater sobre problemas existentes e possĂveis soluções para melhorar a vida daquele local, ou quando vocĂȘ articula com seus amigos de escola para tentar deliberar sobre assuntos relacionados ao bem comum, como contribuir com a limpeza da escola, propondo a instalação de lixeiras de reciclagem e, consequentemente, facilitar o trabalho dos catadores de materiais reciclĂĄveis.
A polĂtica é tão presente na vida das pessoas que até quando vocĂȘ decide não participar da polĂtica, vocĂȘ também estĂĄ agindo politicamente, pois estĂĄ deixando que as coisas permaneçam do jeito que elas estão e não vĂȘ necessidade de mudança.
DaĂ a importância da participação cidadã. Se muitos permanecem apĂĄticos, deixando as decisões para terceiros, um grupo limitado acabarĂĄ comandando sem oposição as decisões mais importantes do nosso paĂs e os nossos interesses poderão não ser atendidos. Dessa forma, temos uma responsabilidade polĂtica e exercĂȘ-la também é uma forma de participação.
Assim, nós fazemos a polĂtica, através da participação em associação de bairro, colegiado, partidos, manifestações, passeatas, nas eleições, por exemplo. Mas serĂĄ que é só assim que se "faz polĂtica"?
Fonte: POLITIZE